O Pantanal abriga uma cultura singular desenvolvida ao longo de séculos por pessoas que aprenderam a viver em harmonia com o rigor da natureza, sendo a cultura pantaneira marcada pela forte relação com o meio ambiente, o ritmo das águas e a fauna única da região.
Os pantaneiros, moradores locais, adaptaram sua vida ao ciclo de cheias e secas, obrigando as fazendas a operar seguindo as regras da natureza. Durante as cheias, que cobrem vastas áreas de terra, o transporte de gado é feito majoritariamente “à pé”, reforçando a importância do cavalo pantaneiro, uma raça rústica e resistente, que é essencial para o manejo do gado.
A culinária pantaneira também reflete essa convivência com o ambiente natural, sendo baseada em peixes, como o pacu e o pintado, além da carne bovina, presente em pratos como o arroz carreteiro e o macarrão de comitiva. Esses alimentos são preparados de forma simples, mas extremamente típica, tornando os sabores locais inigualáveis.
A música tradicional, com influências do chamamé e polca paraguaia, trabalha muitas vezes com a temática de veneração da natureza (como por exemplo a música “gaivota pantaneira“, que interpreta o som emitido pela ave), cumprindo o papel de animar as festas de fazenda em momentos de confraternização, enquanto ajuda a manter viva a herança cultural de harmonia no Pantanal.
Dessa forma, a mulher e o homem pantaneiro, além de trabalhadores, são guardiões da biodiversidade, contribuindo para a preservação desse ecossistema único, e mostrando como a adaptação e o respeito ao ambiente podem gerar uma relação sustentável entre o ser humano e a natureza. Aqui, onde o tempo parece seguir um ritmo completamente diferente do resto do mundo, são os forasteiros que devem aprender com os pantaneiros, e não o contrário.
Na imagem: Bastião e Tonho na Fazenda Santa Lurdes, Aquidauana – MS.